
Entre outros trechos do famoso vídeo da reunião ministerial, chamou bastante a atenção o momento em que o presidente da república, Jair Bolsonaro, reiterou seu posicionamento sobre a necessidade de armar a população.
Como tem defendido há muito tempo, o presidente argumenta que o armamento da população civil é até mesmo uma garantia contra a eventual ascensão de um governo ditatorial, que em regra desarma seu povo. Nos EUA, por exemplo, o direito de portar armas está inserido em sua Constituição desde a fundação do país.
Tentando negar o óbvio, adversários de Bolsonaro pegaram o gancho e, achando que provariam o contrário, desenterraram a manchete do jornal “Correio da Manhã” do dia 12 de agosto de 1937, que dizia: “Mussolini¹ diz que só um povo armado é forte e livre.”
O deputado federal Paulo Pimenta, do PT, chegou a se amparar nisso para justificar a razão pela qual chama o presidente da fascista:
Mas como todos sabemos, esquerdista não lê nada, nem mesmo o que publica.
Ao atacarem o presidente, os pelegos não reproduziram a parte principal da notícia, isto é, o próprio teor dela, que, inversamente ao que pretendiam, confirma o que o presidente tem defendido.
Na matéria, o jornal explicita a definição de povo para Mussolini:
– “Quando falamos em povo” queremos significar o Estado, porque só o Estado representa os interesses do povo através das gerações.
O professor e historiador Rafael Nogueira, atual presidente da Fundação Biblioteca Nacional, desmascarou a farsa:
A íntegra da edição do jornal pode ser acessada aqui.
¹ Benito Mussolini, ditador fascista italiano.